Sim...ele tinha jurado que se um dia tivesse a mesma doença da mãe, com certeza cometeria suicídio.
Dizemos tantas coisas assim, mas no fundo não temos forças para cometer um ato tão covarde ou seria tão corajoso ?
Era um domingo, uma fria tarde do mês de Julho quando tudo aconteceu.
Antes de sair de casa para dar uma volta ele pediu que a esposa lhe preparasse uma sopa, há muito tempo não andava bem, com fortes dores no estômago, o que era uma gastrite tinha se transformado numa ulcera, na verdade isso era o que todos diziam para ele pois infelizmente seu diagnóstico era câncer de estômago (também denominado câncer gástrico)é a doença em que células malignas são encontradas nos tecidos do estômago.
Mas o que todos não sabiam era que ele havia descoberto seu real diagnóstico, com sua voz grave e seu forte sotaque espanhol, ele ligou para o médico se passando pelo irmão pedindo com detalhes todas as informações sobre o "paciente", e o médico em um ato de irresponsabilidade lhe contou tudo, detalhe por detalhe...(essa suposição quem dá é a família pois no fundo ninguém sabe ao certo como ele descobriu).
Vários pensamentos passavam pela sua cabeça, ele sentia tudo girar...e agora o que ele faria ?
Passou num bar, comprou um maço de cigarros e foi para o seu depósito de doces( ele trabalhava com revenda de doces).
Lá ele tinha um quarto, um cantinho onde costumava descansar, sentou na cama e acendeu um cigarro...e outro...e outro...precisava de coragem para fazer o que tinha em mente.
Sua esposa preocupada pois ele nunca havia demorado tanto de uma simples "volta", achou melhor ligar para a casa dos irmãos dele para saber se ele estava por lá.
Os irmãos então decidiram sair e procurar por ele...
Mais um cigarro e mais um...ele tinha fumado o maço todo.
Um maço de cigarro foi suficiente para ele pensar em tudo que viveu ? Para ele pensar na esposa ? Para ele pensar em sua pequena filha de apenas 1 ano ? nos irmãos ? nos amigos ? creio que não...
Mas um maço foi suficiente pra ele pensar em si mesmo...e no possível sofrimento que teria...quem sabe uma morte lenta e dolorosa por causa da doença...ou então quem sabe nem morreria por conta dela...
Ele preferiu não arriscar e sua saída foi um tiro no peito, deitado em sua cama, num depósito de doces...
Nessa altura a esposa já sabia do ocorrido, pois havia encontrado uma carta que ele escreveu minutos antes de sair de casa...
Ainda consigo me lembrar...assim...uma vaga lembrança...eu andando pelo cemitério com minha mãe que fazia questão de ir limpar seu túmulo todos os domingos...ela tão nova, apenas 21 anos passando por tamanho sofrimento...
Eu não entendia...e nem sequer consigo me lembrar de você...nada...nada na minha mente...nenhum sorriso...nenhuma palavra...nenhum abraço...simplesmente nada...
E as vezes me pergunto como consigo sentir tanta saudade de alguém que não me lembro...
Não sei porque mas essa música me lembra você...
uau. chorei. sem palavras.
ResponderExcluirLindas palavras ao falar do seu pai...não preciso nem dizer que me emocionei muito ao ler o seu blog.
ResponderExcluirToda esta trajetória da história dele eu acompanhei de perto, ainda sinto o quanto foi doloroso e chocante, fato que eu não consigo "apagar". Triste também foi a despedida dele com relação a vc, pois vc tinha apenas um aninho..! Pena vc não tê-lo conhecido e nem se divertido com o seu bom astral..rsrs. Para mim ele era o meu "Toñito". Mas mesmo tendo partido tão cedo ele continua muito presente em sua vida, talvez seja por isso que vc sinta tanta saudade de alguém que vc pensa não conhecer!
Agradeço por ele ter deixado uma linda semente, posso até dizer que ele deixou uma réplica, uma cópia, quase um clone que é vc, minha querida sobrinha! Continue esta pessoa marvilhosa que vc é e tenha ele sempre no seu coração!
Amo vc .... bjs da Tia Teresa